21 de mai. de 2006

Os olhos pesam mas tenho gramas. Braços ocos que bóiam nas profundezas do ar. De costas vôo. Percurso misto de esquadrilha da fumaça com beija-flor. Com conteúdo sou bolsa de sorrisos. Para não me perder os largo pelo caminho, o que não me serve de nada pois nascem e correm para outras bocas sem. Confundo o texto da triste alegria e da alegre tristeza. Meu texto, homem. Ambas vejo, paradoxal, realidade dura e macia pois acontece. Beber é dor e flor, desse modo, mastigando a água. Ambas, uma ao lado da outra e ligadas pela mais linda vogal bailarina. E.
Qual o grau de reflexão. Um mínimo bastaria e os parava.
As horas passam, vou por esquinas como as horas. Devoro-as e do jeito delas.
Por que tanto ponto e letra miúda e a fome de contrariar. Quem pensa que é eu? Divirto-me na calmaria das horas simples, de sessenta. Cegos-mudos que seriam o fim sem escrita, sem canto, sem ouvi-los falar. O cantar: escrita em três-dê, e, a aliteração da música, vira escrito.
Queria tomar banho cinco vezes por dia e cantar para mim às vezes, naquela acústica toda de azulejo, além Tejo. Te vejo de luz lilás. Palavras de outro bailarino, éle, maior que o pequeno e-vogal. Consoantes desde que conformes.
Consumo as linhas aos poucos e mexo os teus quadris ao som do som. Delicio. Silencio e ainda sobra para cantar e escre-vê-r-la. De lápis. A.
Não gosto do inverno porque ele endurece a tinta preta que vive dentro da minha Bic. Por isso prefiro lápis e verão. O preto só volta ao normal depois de receber abraços calorosos, a caneta desliza pelo papel feito bailarina no palmo. Um caderno de folhas destacáveis e não descartáveis. O que difere é, em um, a possibilidade, noutro a obrigação. Animo, escrevo rasgando as de ontem, colibrindo sem memória, apesar de não gostar de aves que não cantem, beijo a flor e tinto em preto a paz.

6 comentários:

Anônimo disse...

TUA INTIMIDADE É DE LONGE MINHA PRETENSÃO. A MESMA CANETA PRETA QUE ESCREVE LINHAS DE PAZ NÃO PREENCHE AS LACUNAS DEIXADAS PELAS LINHAS RASGADAS DA VIDA. AS VÍGULAS NO LUGAR DOS PONTOS FINAIS. DO MESMO MODO QUE O ESCRITOR DO RIO TEJO FAZIA. INTROSPECÇÕES QUE DARIAM LUGAR A UMA PÁGINA INTEIRA. ODE ÀS PALAVRAS, DIVAGANDO-AS NUM MAR DESORDENADO DE IDÉIAS QUE FAZEM PLENO SENTIDO. IDÉIAS FIGURATIVAS, TRANSPOSTAS NA "LITERALIDADE" DA MÚSICA QUE CANTA RETRATOS. COLOQUE UM PAR DE NOTAS E DEIXE ESTE BLOG TOCAR.

Marcela Barbosa disse...

Uma nota maestro. (Tenha) Dó.
"Na palma da minha mão tem os dedos, tem as linhas que olhar cigano caminha procurando alcançar a nau perdida, o trem que chega, a nova dança, mata verde, esperança em suas tranças vou voar. Passarinho, eu vou voar."

Anônimo disse...

VOA PASSARINHA!!!!
CANTA PABLO, COM O CORAÇÃO!!!!!
DÓ??? DEIXO-A PARA TI. SOU MAIS A FAMULI TUORUM...

Marcela Barbosa disse...

dou ré: mi faz solar sim.

Anônimo disse...

http://pensamentosimpuros.blogspot.com/

Marcela Barbosa disse...

era vc. esses pontos de interrogação. sempre assim. em três. e de exclamação tb. ó.
vou ver.