20 de mai. de 2006

As pessoas pequeninhas perto da imensidão. O mundo-mundo-vasto-mundo. Chamo-me Marcela e é uma coisa. Uma solução para um mim mesma que acorda sempre no mesmo dia em que vai dormir. O sono que sempre está, mas que não domina. Às vezes me perco nas chamas dos olhos meus. Que sentem demais. Não, não, olhos devem ver. Os meus sentem, coitados. Feliz de mim então. Ou de quem vejo e de quem não também. E de todos, por sermos vivos e contemporâneos aos momentos de hoje. Ruindades existem, vamos, sempre assim. Mas sobem e apagam como um fósforo. E hoje eu comprei uma caixa deles. Cabecinhas vermelhas dormindo entre si. Prefiro a isqueiro. Começa pelo nome: um faz bem pra saúde e o outro parece erro de português. E eu os adoro. Até debaixo do caldo verde.
Uma grande avenida vazia bastou pra que me brotasse amor. Profundamente amor. Vejo o asfalto e sinto que sou um pouco dele, o negro pisa o negro. Ao lado, luzes que viram riscos. Estou em alta velocidade. Quando pára? Nunca, por deus! A fome dentro de mim, as idéias que me corroem o estômago e os es. Coisas e coisas. Dias e dias. E.
Viajo amanhã. Pra não mais. Fica algo de novo? Só. O velho não existe. Mas digo que sou muito chegada a uma tradição. Elas foram feitas pra sempre e eu consigo, assim, de um jeito peculiar, dividir o passado da tradição. E digo também que, certamente, quero fazê-los crer em coelhinhos e em noéis e que os almoços sejam com os de antes, mas não quero olhos pro antes. O depois é tão mais irresistível e repleto de possibilidades. Sim, como o cantor, caminho pela lua, mas de frente. Ele que me perdoe. E a de hoje está tão enorme e laranja e por entre as nuvens que não vale a pena. Possibilidades e.

2 comentários:

Anônimo disse...

A LARANJA PISADA POR PESSOINHAS GRANDES, EFÊMERAS E INCONSTANTES. COMO TUDO NA VIDA. PISAMOS PARA QUE NÃO SIRVAMOS DE APOIO PARA AS SOLAS DOS OUTROS. COMO TUDO NA VIDA. O PASSADO ESCRITO NUM LIVRO VELHO, CERCADO DE BROCADOS. O PRESENTE ESCRITO NUMA PAREDE PIXADA, NO CENTRO DA CIDADE. QUAL VC PREFERE??? OS DOIS, COMO TUDO NA VIDA.

Marcela Barbosa disse...

como só a laranja. de quarta-feira, dia de feijoada.
e sirvamos, no. silvia ramos, por favor. cheguemos dessas intimidades. rá.