12/10/2025
E você não me chamou.
Era o esperado de você.
Seu burguês sem nome.
Por Marcela Barbosa, desde sempre até hoje.
Eu fico esperando o momento e a ansiedade bate
Vontade de sair correndo e não voltar mais
Ou de fazer mil abdominais
Desde que comecei o tratamento mudanças ocorreram.
Deixei de ser esqueleto
Passei a viver e existir e voltei a ter corpo.
Uma possibilidade de vida
Comecei a concretar
Não mais castelos de areia
Hoje tenho estrutura
Sinto-me forte como nunca
Crente no amanha como sempre
Mas agora com base
Olho pra tras e vejo sim o que já construí
Eu acho que eu fiz o que eu quis
E ok agora me assentar
O fruto precisa de estrutura pra crescer melhor
Eu não tive, acho
Mesmo estando plantada no mesmo lugar
Era russia
(sera por isso que ela quis aprender a língua?)
Tenho minha rotina
Cada vez melhor
Mas não posso me perder
Se me labirinto, já foi
(ah)
Ontem foi dia de ir dormir 1h da manhã
Por ausência de ter feito direito
(mesmo tendo feito)
(tem dias que o melhor é bem aquém)
E tudo ok.
Amanha vai ser lindo
(eeh)
Essa fé no amanhã já me fez viver muito <3
Sábado eu poderia te ver cantar
Mas acho que você, de novo, vai preferir perder esse
pretexto
Por uma serie de razoes, menos a de não querer que eu vá.
Porque eu acho que você adoraria me cantar uma vez mais.
Antes você se escondia atras de um violão invisível
Hoje você fica estático
Mas ao andar, tem um doce balanço
Que poderia te trazer para mim
mar
que coisa mais linda.
Eu, coisifico.
O símbolo do que eu nunca tive e nunca terei.
Mas não era você
Nem sei se tenho ainda a capacidade de te dividir do que eu
nunca terei de quem você é.
Quien sos?
Creio que não possa fazer mais nada por você.
Exceto esperar, como sempre
Mas não pra sempre.
E nem mais piamente
Te espero hoje como quem não gosta do frio espera o inverno
(é quase um não-esperar)
(mas ainda tem aquela coisa)
Viu, te coisifico quase sem querer.
Mas tem algo ainda ali pra ser vivido
(só acho)
09/10/2025
O silencio que sinto dentro de mim
Não vem de um oco
Vem de um lleno
Sou recheio de vida
Como quando tinha vida em mim
Literal
Tenho vida em si
Bom poder escutar o silencio em mim
O liquido escorrendo por dentro
A cor da vida adentro
Não perco mais um minuto
Não perco mais uma vida
Sou eu eu eu mim mim mim
E que bom escutar o silencio dentro de mim.
Paz.
E se me perguntar, digo: preferiria não.
01/10/2025
(a)
A promessa era de paz
Mas como dar aquilo que não se conhece
Conforme eu for sabendo de que se trata
Prometo ir entregando-a
Pode parecer qualquer nota, mas com esse histórico, te
garanto, vale ouro.
(b)
O ouro que ele tinha nos dentes brilhava ao sol
Mas so se sorria
E ele sempre ria
E gargalhava
E o brilho ui me cegava
Cegou tanto que eu nem vi o esquema armado de jogo de
espelhos e luzes
Era tanto brilho
Era tão lindo
Só fui saber depois de meses que ele já tinha partido
Era so eu e a ilusao
E nem dentes ele tinha
Sério.
Sem estudos, sem dentes, sem cérebro.
Só espelhos e luzes.
E um desejo de ver brilho ao sol.
(i)
Os meninos gritam ao longe, futebol.
Sera que são meninos?
Que sim.
(ii)
Eu poderia ser um fantasma se quisesse?
Não.
Se nos matamos, não sei o que passa.
Mas se somos assassinados, aí sim.
Um baixa o outro sobe.
(iii)
O som do gelo, do gim, do gesto que me deixou de lembrança.
É bom lembrar dos dedos juntos, dobrados, movendo-se para
cima. Significa ação.
Será que um dia me esqueço?
E de apertar o lábio de baixo com os dentes de cima?
Como quem diz pordios.
Eu fico indo e voltando.
Minha cabeça e meu coração.
Brasil, Argentina, Brasil, Argentina, Brasil.
(iv)
Os taxis sempre peleando. Os transeuntes ofendendo.
As caras carrancudas das mulheres.
As saias curtas das meninas.
Os homens chiques como nunca vi homens chiques.
A enormidade de lojas de roupas masculinas.
Homens com homens,
Mulheres com mulheres
A vaidade que não combina com a depressão.
A opressão que não combina com a liberdade.
Daqui da varanda eu vejo o colégio
E essa arquitetura que me mata
O belo e o feio parados de mãos dadas esperando um clique
que jamais virá.
Vocês não combinam.
E nem o céu orna.
Daqui eu ouço também os ruídos todos.
A serra que corta o piso, o carro que passa, a moto, as
crianças gritam eeee!, os bombeiros. E às 6h da manhã toca a gravação de um
sino na Igreja da Saúde.
O sino fake é tão São Paulo...
Meu coração era tripartido: o de antes, o do corpo, o da mente.
O de antes sempre lá, como pano do fundo. Podia até nem
partir um coração que de tanto que foi, já se entendia menor.
O do corpo, que acalmava – mas só se presente. E quase nunca
estava. Não de alma.
Já o de mente, tinha a (c)alma toda. E o desejo de fusão de
tudo, eu, você, o rato.
Inesquecível pra mim. Até que esqueci. Deles.
Lembrei. De mim.
Foi sentir as micropartículas de coração se juntando.
Estilo homem-areia. Sandman. Happywoman.
E (me) uno.
(A)o meu coração.
A paz voltou a reinar.
Te ver de perto foi a melhor coisa que me aconteceu.
Ver a perfeição da barba, das cores, da textura. Sua barba
macia. A sua barba clara.
Te vi de bem perto. E seus pelos, que saem pela blusa, por
cima dos olhos, orelhas, que você tira e eles voltam a subir.
São heras.
Quase 20 anos.
Eu não resisti e minha boca foi pra sua.
Mesmo minha boca-proibida. Te mordi. Queria te arrancar algo. Ter-te meu, ali.
No carro, sua mão esquerda me
buscou atrás e me encontrou. Sempre. (E eu lá sei fazer diferente?)
E você a segurou. Como se não fosse
me soltar nunca mais.
De novo eu cri. E você me soltou.
Mas sem grilos dessa vez.