15 de jun. de 2025

 

Dia 08 foi o meu aniversario.

E eu realizei um sonho. Estar com as baleias.

 

Eu inundei minhas retinas delas. Mães e filhas. De perto.

Seres que poderiam nos destruir com um movimento mas que são tão tão gentis ao se moverem, porque SABEM de seu poder.

 

Sim, eu quero ser baleia.

 

A onda magnética que sai do coração de uma baleia chega ate nos e nos atravessa, é a paz. É o poder de se saber grande, mas se conter. É tao bom estar ali.

Quero ser Jonas y/o Gepeto rs

 

Em argentino se ouve “baxena”.

 

Falar nisso, tem outros sons que eu gosto: Joya. Que se diz roxa.

 

E aqui, como no brasil, quando algo é bom, se diz “roxa” (coisa mais de senhores, como meu pai)

 

Meu pai dizia, JÓIA pra tudo. Quando alguém lhe perguntava como andava a vida. (naquela época ainda tinha acento) Mas será que era verdade? Não fosse teria morrido sem aire?

 

Eu lembro de você, do meu pai, os homens que me fizeram sofrer. Por escolha. Sabendo. Você, ainda mais do que meu pai.

Mas menos responsável, claro.

 

E foi com o fim de nós dois que eu notei como busco um final de diferente pra minha historia. Mas que nada.

Com personagens iguais, como poderia mudar o fim?

 

Joia.

  

Ontem eu chorei por você


Passei numa avenida que só passei 

Dentro do seu carro, no ar condicionado, com pressa

 

Você não gosta de andar a pé

Eu amo andar a pé

Ainda mais nessa cidade

 

Eu gosto de ar

E paz

Buena vida. Chau.

01/2023

 

Não sei quando foi que eu deixei a poesia de lado.

Lembro de estar no flamengo e escrever escondida no chão do banheiro.

Entre sinos e incensos, eu consegui escrever. E entre vacas e composteira e mel, também.

Foi depois só.

 

Sempre que me afasto do que me faz mal, eu volto a escrever.

 

Busquei vocês, tantos vocês. Eu queria tanto que fossem felizes.

Mas que nada.

Quem sou eu pra querer o impossível?

 

...

 

Falei com o primeiro que eu quis de verdade.

Trocas inteligentes. Cultura. Poesia de novo.

E o encontrei tão tão tão lindo mas

tão tão tão triste.

Preso numa vida congelada.

A vida que ele nunca queria ter tido.

 

Lembro que a gente sonhava em viver na europa. Ele dizia das margens do sena, eu dizia do sal das lagrimas (que nunca conheci).

 

Eu rodei um pouco o mundo. Vivi fora e vivo. E viverei ainda.

 

E ele, nada.

 

Literal/Metafórico.

 

Eu lembro que ele dizia que tinha o espírito livre. E como eu acreditava. Eu o via (e o vi) (ainda que triste) como um cavalo indomado. Mas era eu a indomada. Indomável. Que me deixo domar um pouco só. Por pouco tempo. Pouco perto de tudo. Mas foram anos...

 

Me vejo livre. Corrente.

Te vejo (de) terno. Preso. Sufocado.

 

Mas o brilho nos olhos ainda ali. O mesmo brilho. Indomável.

 

Basta uma chispa para que a vida volte a arder.

 

Por um breve momento eu quis ter uma vida com você.

Férias.

Oscilando entre lareira e praia.

Eu queria tudo.

Sonhei. Viajei. Sozinha.

 

Logo vi que isso “tudo” seria impossível.

 

Principalmente porque eu não queria de verdade.

Eu só queria que você quisesse.

Mas você nunca quis.

 

(uma vez uma pessoa até hoje importante pra mim me contou uma teoria de uma ex dele: de que se você ainda ama alguém é porque esse alguém ainda te ama também. Discordo. Mas será que o oposto não pode ser possível? Faz sentido? haha)

 Queria poder ter a coragem interna de dizer o que eu sinto por você.

Mas eu não tenho acho.

E prefiro reclamar.

De toda falta que sinto.

 

Mas eu não sinto falta de nada.

So de você quando eu não estou com você.

E quando eu quero estar.

 

Mas nem sempre eu quero estar. Mas eu gosto muito de saber que você existe.

 

Acho que é isso:

 

Eu gosto muito de saber que você existe.

 

Você falou que queria viver a experiência de ser a sua melhor versão. E isso viria da relação com alguém que te faz melhorar.

 

Eu acho que eu hoje sou a sua melhor versão.

 

Assim que eu acho que meti os pés pelas mãos.

 

Perdón. :(

 

De verdade: nem sei se você me ajudou mesmo.

Ou se foi “apesar de você”.

 

Eu te afirmei pro meu passado. Mas ainda não consigo te afirmar pro meu presente. Muito menos pro meu futuro. Dá um escalofrio!

 

Mas sempre que eu te vejo, eu não me arrependo de presenciar você vivendo.

Eu gosto de te ver viver.

 

Gosto dos seus três pontos no peito. Suas três marias. Você ganhou da morte.

“É preciso saber viver” e você sabe.

 

Eu gosto dos seus sonidos, desses olhos azuis, do seu cabelo grande.

 

Mas já foi.

Eu vou e você fica. Com todo o meu carinho por você. <3

“Que lastima pero adios”

 

E eu pensando que eu era apaixonada por você.

Que nada.

Eu acho que eu nem cheguei em você.

Tinha tanto mim antes.

 

Realmente a experiencia faz a diferença.

 

Sinto muito e te desculpo.

aplausos finais

 

Ontem eu assisti a uma peça aqui em buenos aires

E tinha gente soluçando

Mas eu não.

 

A realidade familiar da maioria é tao diferente da minha

 

Aqui e ai também de repente as pessoas não permitem a morte dos pais

E essa foi toda a minha vida desde que a morte chegou pra mim

 

Eu lembro quando a minha avo paterna faleceu

Foi tao lindo

Eu achei aquele momento tao especial

 

Eu acho que foi a primeira vez que fui em um velório “meu”

Porque minha avo era minha.

 

E ve-la ali no caixão, as mãos frias, eu nunca mais esqueci das mãos da minha avo paterna no caixao. As unhas eu não lembro se estavam feitas ou não. eu acharia que sim. Mas estavam compridas. E eu lembro da desconexão que eu vi entre a mao e o braço. Como se os punhos/pulsos fossem os punhos e pulsos de alguém morto. Inchados. Senhora. Sem hora.

 

Era ela, fortu-nada.

 

Depois do velório foi a cremação.

 

Dizem que quando o caixao baixa na vila alpina não é verdade que o corpo querido é queimado na hora.

Dizem (as más línguas) que as boas línguas de fogo queimam somente uma vez na semana, um grande fogaréu de gente, cada qual na sua boquinha de fogão. E que dai depois, já frios, alguém recolhe as cinzas que estavam ali naquela região do seu corpo querido.

Entao, na real, a cinza que recebemos depois podem ou nem ser do seu ente/corpo. Ou tem outros entes/corpos não tao queridos ou nem sequer conhecidos por você ali naquele saco transparente e pesado que você recebeu dentro da caixinha de madeira.

 

Mas sera que isso realmente importa tanto assim?

 

Pra mim o velório é a parte mais importante da vida.

Um gran finale que nos reconecta com tudo.

 

Julguem-me mas sou fã de velórios.

Eles são os regalos que os que vão deixam pra sempre pra gente.

 

Eu nunca mais esqueci as mãos da minha avo paterna dentro do caixao.

 

Do mesmo modo eu nunca mais esqueci as mãos e a testa do meu pai dentro do caixao.

 

No velório do meu pai foi quando eu beijei pela primeira vez a testa de uma pessoa morta. E eu lembro da sensação da tela de filo pinicando no meu lábio seco. Eu também nunca mais esqueci dessa sensação.

 

Como as mãos de uma pessoa morta são frias e rígidas. E como a testa é lisa, fria, com filo que pinica os lábios secos de quem so bebeu agua porque alguém insistiu.

 

A morte vem com essa lição também. De que temos que construir relações que cheguem ate esse momento. Que temos que regar pessoas que amamos e que nos amam tanto a ponto de nos trazer agua, café (pra quem toma) e pao de queijo.

Que passe a noite toda ali. estando. Existindo e dizendo sem dizer que temos quem nos regue.

 

Ontem no teatro o protagonista falou que tomar banho é se autoregar também.

 

Depois que todos se vão, se forem. Chega essa hora. De cuidar de si. De banhar-se.

Aplausos. Silencio.

Seguimos.

na sua língua o seu nome tem um g mudo, algo que atrapalha a fluidez e traz um nó.

e quantas e quantas vezes eu senti esse nó. garganta, peito. e nós, pernas.


na minha língua o seu nome flui. assim que a questão é quase literal. i-lu-sõ-es . . .  (eu divido como quiser)


e da língua passo ao toque das mãos.


uma vez você me disse que me toca pensando que eu sou você e como gostaria de ser tocado. e eu ouvi outra coisa. aqui a questão também foi quase literal. i-lu-sõ-es . . .


eu, na minha língua iludida, ouvi que era empatia. mas acho que você pos em palavras um princípio que eu tinha. Passado.


além de língua, toque, tinha a onda.


pra mim, estar com voce era atirar pedrinhas no lago pela primeira vez e ver a onda que começa onde a pedra chegou e não para nunca mais. segue ecoando. ainda que não se veja mais. buenissima onda.


mas também nada disso estava lá. não tinha onda, pedra, só o rio. que passou arrastando tudo.


“No sos vos, soy yo” – mentira! :)