Ontem fez 14 anos que não choro. O português pode estranhar, mas assim que é. A última vez foi na morte de um amigo. Não, melhor dizendo, colega de trabalho, mas com o mesmo nome que o meu, então chorei. Não por ele, infelizmente, mas por mim. Pensei que podia ser eu ali, mas as lentes diferiam. Ele não enxergava era de longe, eu, de perto.
E não chorei tanto há 14 anos.
Ontem não chorei sequer para comemorar a fonte tão seca.
Hoje queria: tristeza profunda na bolsa, pesa-me a cruz da falta, mas não consigo.
No banho tento, na chuva idem e nada: piscina, mar – eu seco de olhos.
Crio clima para a inércia que não há: sério. Nem triste nem feliz. Sério.
E uma vontade imensa de tirar a mala das costas, os sapatos – massagem, por favor – sentir-me em casa deve ser bom, repousado, querido por mim.
Porei as gotas no copo americano e beberei aos deuses.
É isso: não quero que fujam, nem de mim. Egoísta desde pequeno.
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