(i)
Palhaço faz de tudo para me fazer feliz. Sua graça vem de cima, rápido no gatilho, sobressalto. Rendida, mãos no alto dos cabelos finos.
Quando conheci estava de azul (como deveria sempre estar), todo, dos ombros aos pés, reparei nos sapatos e gostei.
Isso já importou, foi, e mesmo antes tiraria nota boa. Caso fosse escola, mas não é. E é de cortar o coração eu sonhar por outros caminhos. Bate-estanca: coagulei (alívio).
(ii)
Nunca vou te mostrar do que sou feita. Pulmões, pra você, rosinhas, os dois. Eu na superficialidade necessária para poupar. Qualquer imperfeição causada por uma pisada mais forte deve ser imediatamente reparada com um punhado de serragem que chupa a umidade em excesso, nada de excessos.
Resultado: jogo um bocado nos meus olhos antes de te encontrar e pingo gotas negras de corante-colírio ou vice-versa. Eu marola, permanece. Se divago, mergulho: some.
Nunca verá que a real cor deles é vermelha, como o seu nariz. Cor de sangue quando corre, de homem quando foge. Cor de fogo quando... burra.
(iii)
Sou homem, mas sinto. Como da vez que você disse que não amava mais não. Juro que não entendi do que você era feita naquele dia. Parecia enxofre, pelo cheiro, mas era mel de se olhar. Do mal. E era meu aniversário, aposto que não sabia.
A sua falta de consideração, tremenda, sempre dobrou a esquina. Eu, no cabo da falta de esperança (total) era rosinha, como o teu órgão. Dedos longos, pianista.
Depois de uns meses te encontrei como você queria ser achada: encolhidinha. Uma pombinha no frio de agosto, pedindo para acolher, esquecer, ninha-me.
As pupilas crescem, peito incha, e eu, dono do sapato grande e suspensório azul te pego. Bobo da sua corte.
3 comentários:
Tá bonito, bastante. Microconto. E as bandeirinhas embaixo, Volpi? Volpiando? Sim?
E a dona do blog, vai bem, hein?
Ela te adora. Mesmo.
Que saudade de Marcela, que saudade da Marcela, que saudade da Marcela.
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