18 de mai. de 2006

Não me quis mais. Disse Vá e eu fui e depois me ligou pedindo que eu levasse seu pai ao médico. E eu levei, lógico. Seu Ricardo sempre me tratou muito bem, mesmo com toda a situação, com o anel. Era como filha, sabe. Não teria porque negar-lhe ombro. O Meu Ricardo sim, sempre foi amargo. Não puxou o pai, só no nome. Mas, pra engolir, eu sempre coloquei muito adoçante nele. É, não ficava aquela delícia de mel, pois o aspartame, como todo mundo sabe, dá uma travada na língua, mas era um docinho que me aprazia. E que nunca me engordou.
Eu tive amigas. Felizes, repletas de açúcar, filhos e aspas. Mas eu não. Quem me completava o tanque era o Meu Ricardo, com sua mão nervosa.
A gorda era a outra, a dos filhos, da vida água-com-açúcar.
Ontem, enquanto esperava Seu Ricardo fazer seus exames, eu comia o cachinho de uva que tinha levado e pensava na vida. Como passa. Já nem lembro mais de Ricardo, mas de vez em quando ainda o levo ao médico.

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