(i)
escreve porque é possível. caso não fosse, sangraria
aqui, nessa vida, isso pode: sangrar
pois para isso basta que risquem a carne e jorra
esguicha-se vermelho, esvai-se o conteúdo, passa-se para o preto da cor da tinta
prefere assim: se/r possível.
(ii)
a previsão de ontem dizia que leão ruge, que o sangue ferve e que a pureza venta
(iii)
plena quarta-feira e ele descalço na avenida. um meio da semana, o dia varanda, dia grávido, esse meio termo, meio fio, meia bomba, meia hora
faz cinco dias que ela saiu. faz tempo que a espera
veste o sapato e calça a vida.
(iv)
e a sua mania de índio de achar que só porque a pessoa esta na foto ela esta viva?
quando eu decidi que quero viver com isso, de qualquer jeito, flui.
algo como um rio que nos leva de mãos dadas. a correnteza comprova.
manca-me sua pele de fruta-esponja, as pintas nas costas e o mar de tinta cândida na frente
(v)
é. você resvala em mim e nesse meu jeito gingado de falar. reflexo dos meus sobressaltos e da felicidade decantada.
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