As laranjas laranjinhas... Nada. Bom é parar de inventar. Sempre foram é verdes e de gosto bem ruim. Lembravam limão.
E não eram lima.
(i)
Tive um belo verão, mas não por conta do sabor das laranjas que caiam no meu colo. Nessa estação, o vento balança com força. Caem as maduras. Pego-as somente assim, pequeno eu.
Aos 7 não se pode subir degraus sobrepostos sem se machucar ou sem alguém gritar sobre o perigo que é.
(ii)
E depois, no frio já, reconheço no ar o cheiro que tinham os móveis da casa da minha mãe.
Nasci do feltro que ela passava sobre a escrivaninha de madeira escura.
E ela ria, ria, ria ao dizer que aquele creme era o hidratante de árvores.
Ela sempre foi bem engraçada.
Pena que não a conheci. Sou só de mim.
(iii)
O abril que chega com seu sol e o meu vento que lembra a fruta do quintal, a cicatriz no joelho esquerdo, causada pelo deslize no macio pé de laranja. Ou era limão?
Aos 70 não me machuco mais, sou avô de família, poupam-me de tudo o que é natural.
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